quinta-feira, 19 de novembro de 2009

RISCO ESPORTIVO - FAMILIA EM RISCO



Como associar risco e uma familia.

Alguns anos atrás tive o prazer de conhecer uma familia muito especial. Especial por diversos fatores, quais sejam : Especial por estar em sintonia com a vida e com as pessoas ao seu redor, especial por saber amar o semelhante, especial por saber construir e cultivar o valor de uma boa e sincera amizade e acima de tudo especial por serem dotados de muita garra e determinação. Essa familia se chama Serravalle.




Temos nela, figuras que merecem destaque, a exemplo do meu genro Bruno que é uma figura ímpar e seu irmão Ricardo. Esses Bruno e Ricardo não são moleza não. Fazem acontecer, não esperam que aconteça. Ou seja, são belos exemplos de pessoas em risco constante e provocativos. Senão vejamos:


No caso do Bruno, está sempre desafiando o risco do tempo, buscando criar, produzir, ser empreendedor. Nas horas vagas pratica esportes radicais quer na terra, no mar ou no ar. E agora ele conta com um exiguo assistente chamado de Bruninho que adora o MAR, ou seja, já está manisfestando seu amor pela natureza e com certeza será tambem um destemido aventureiro a exemplo do seu progenitor.




Ricardo, por sua vez, já fez de tudo, ou quase tudo. O risco é constante e sua trajetória merece destaque. O convidei a fazer uma exposição da sua vida e experiencias com riscos e recebí com muita honra esse material, brilhantemente redigido, que agora passo a dividir com voces .


Se as seguradoras que criam tantas dificuldades em subscrever riscos de pessoas, sabendo do perfil do Bruno e do Ricardo, talvez os condenem a não ter seguro. Porque ? Pelo seu destemor.


Vejam e tirem suas conclusões.


Nosso foco do assunto, lembrem-se, é RISCO !




DEPOIMENTO DE RICARDO SERRAVALLE

. A convite de meu grande e estimado amigo Professor Nelson Uzêda da Excelsior Seguros venho escrever sobre os riscos de alguns esportes. Riscos estes que posso falar com certa experiência já que em minha ainda curta passagem por esta vida tive a oportunidade de experimentar os mais variados e praticá-los com maior ou menor intensidade.

Gostaria de deixar bem claro que sou apenas um administrador de empresas e não sou formado em medicina, educação física ou em alguma profissão da área de saúde, apesar de ter uma boa experiência por minhas entradas reinscindentes em hospitais e emergências, principalmente no COT - Clínica Ortopédica e Traumatológica aqui de Salvador/BA onde até possuo um cartão de cliente especial (risos).

Desde criança fui muito ligado a esportes, dentre outros aos quais pratiquei sem menos importância cito os mais relevantes como o futebol onde joguei por quase 5 anos no E.C. Bahia, depois veio a natação onde aos 13 anos cheguei a ser campeão baiano, posteriormente as artes marciais através do Kickboxing (onde fui campeão baiano, brasileiro e sul americano), o Jiu-Jitsu (campeão baiano) e Boxe, culminando ultimamente com o Triathlon.

Nestes meus 33 anos de vida, tenho experiência de cerca de 22 anos de prática esportiva quase initerrupta o que me credencia para falar um pouco sobre os riscos do esporte.

Há algum tempo, em uma entrevista, o Jô Soares, disse que preferia ser gordinho e não praticar esportes porque ele percebeu que poucos atletas chegavam a velhice com uma boa saúde física e poucos passavam dos 80 anos de vida. Neste dia eu refleti sobre o que o Jô falou e percebi que de certa forma ele estava certo, apesar de parecer uma incoerência, afinal, os atletas refletem as aspirações humanas da perfeição da saúde, do desempenho e capacidade física, são como nossas referências, como estes seres maravilhosos não poderiam ter um final de vida com a mesma saúde que não atletas?

A resposta é simples, os atletas trabalham no limite forçando seus corpos a darem sempre mais, fazendo daquele ditado “ao saber que não era impossível ele foi lá e fez” o seu paradigma em busca do superar-se continuamente e com isso a sobrecarga suportada pelo seu corpo ainda jovem durante os seus anos de atividade extrema somente aparecerá quando da interrupção das atividades e sedentarismo que acompanha uma grande parte dos ex-atletas de alto rendimento. Com o término da carreira, seja ela muitas vezes por contusões ou pelo inexorável tempo o ex-atleta relaxa, tende a comer mais, perder noites, muitos passam a beber e a não se privar mais de tantas coisas como o que tivera que fazer anteriormente, a parte muscular do atleta tende a reduzir sensívelmente, no entanto, ainda assim, neste ponto o ex-atleta (em geral) levará o benefício de uma musculatura mais rígida e forte o que aliviará alguns sintomas que sedentário, no entanto, em relação a parte esquelética e articular os ex-atletas de alto rendimento tendem a desenvolnver patologias como artrose, artrite e outras, problemas causados pela excessiva carga sobre as articulações do corpo. Porém é sempre bom frisar que tudo depende muito da atividade relacionada, do esporte praticado, do nível de resposta do atletas a atividade, da criticidade do esporte seja de maior ou menor impacto, da vida útil do atleta, entre outras especificidades.
Acredito que os atletas sejam pessoas com o destino diferenciado como a bela e digna tarefa de melhorar a raça humana em termos fisiológicos, passando o seu DNA para futuras gerações que terão uma maior capacidade física, atlética e que continuará a levar o ser humano a quebra dos seus limites, culminando numa capacidade de sobrevivencia aumentada. Acredito que a maioria dos atletas não escolheria ficar velhinhos e com saúde a deixar de realizar os seus feitos durante a juventude. Pelo menos eu não penso assim, claro que gostaria de viver muito bem e com saúde até uma idade avançada enquanto pudesse ter lucidez, no entanto, agora enquanto ainda jovem, prefiro viver a experiência de vencer meus limites, quebrar barreiras, superar obstáculos, criar desafios físicos e psicológicos, estar em contato e interagindo diretamente com a natureza e ter a sabedoria para poder transferir todo esse aprendizado para a vida normal cotidiana, afinal, não sabemos o dia de amanhã e a vida aqui na terra é muito curta e temos que fazer o que gostamos. Se você gosta de esporte, faça seu esporte, se deseja ser um atleta de ponta treine para isso, se deseja apenas manter a forma física ótimo, treine também. Faça o que gosta de fazer, não escolhemos nosso destino por acaso, portanto, viva intensamente, porém sabendo os riscos que corre para cada atividade que escolher realizar. Se for um escritor ou pianista poderá desevolver uma LER, se trabalhar com computação poderá ter problemas sérios na coluna cervical, se for um executivo poderá ter problemas decorrentes de pressão, estresse, etc. No meu caso, como esportista eu quis ser jogador de futebol e joguei como goleiro, em razão disso convivi por anos com escoriações nos joelhos, braços e lateral das pernas além de algumas fraturas e torções nos dedos das mãos, como lutador quebrei o nariz 06 vezes, tive a mão quebrada pela cabeça dura de um adversário, rompi o ligamento cruzado anterior do joelho, e os ligamentos do tornozelo além de fraturas em ambos os casos, tive distenções musculares que perdi a conta, andei de moto e tomei algumas quedas, de bicicleta e skate mais algumas, quando aprendia a andar quantas vezes eu caí, mas no fundo sempre tive a certeza de que tudo valeu e ainda vale muito a pena, afinal viver é se expor ao mundo, aprender com os obstáculos, superá-los ou dar a volta neles e saber que nunca poderemos evitar que algo extraordinários nos ocorra mesmo que estejamos atentos e nos poupemos. Uma prova disso é que recente mente tive 03 AVCs isquêmicos resultantes de um problema congênito no coração que poderia ter acabado com a minha vida, graças a Deus não tive sequelas e uma parte disso agradeço aos anos de prática esportiva e pude corrigir o defeito com a implantação de uma prótese via cateterismo, isso foi há cerca de 120 dias e na segunda-feira passada fui liberado pelos médicos para voltar as atividades físicas normalmente, ou seja, voltar a viver plenamente.
Sei que se o diagnóstico fosse contrário e não pudesse mais fazer meus esportes na intensidade com que fazia ou até não pudesse mais praticá-lo com toda certeza ficaria inicialmente muito decepcionado e triste, porém tenho certeza que, após este período dedicaria este meu entusiamo e energia para fazer as coisas dentro dos meus limites, afinal, nada tira a minha alegria de viver, de me sentir vivo e em paz comigo e meu espírito imortal.
Conheço exemplos e mais exemplos de pessoas maravilhosas que começaram a realizar atividades físicas com idade já avançada, e após uma vida inteira de sedentarismo, no início do ano vi um documentário de um senhor que estava com 74 anos de idade e que estava prestes a realizar o seu primeiro Ironman, para quem não sabe é uma prova de triathlon realizada em apenas um dia e com as distâncias de 3,4 km de natação, 180km de ciclismo e para fechar uma maratona de 42 km e ele só havia saído do sedentarismo aos 70 anos.
Nós criamos os nossos medos, nós criamos a nossa coragem, nós somos responsáveis pelo que fazemos e pelos riscos que assumimos, os desafios estão em nossa cabeça e superá-los ou não é uma resposta que só o seu espírito saberá.
Ao teu ramo profissional meu amigo Nelson, cabe a tarefa de amparar as nossas loucuras e nos manter seguros durante os riscos que assumimos, que o digam os organizadores de provas e eventos esportivos que já escaparam de muitos prejuízos caso não tivessem contratado um bom seguro para os seus eventos.

Grande abraço do seu amigo de sempre,

Ricardo Serravalle